Por Caminhos Pecaminosos
Zé Lino representa na perfeição aquilo que os americanos há muito definiram como um “one man show”. Não no sentido “toca acordeão, gaita-de-beiços e ainda equilibra pratos, tudo ao mesmo tempo e com um pequeno macaco ao ombro que toca ferrinhos com a mestria que a sua existência simiesca lá vai permitindo”. Zé Lino será antes um “one man show” no sentido em que é só um gajo e dinamiza aquilo que, em rigor, até se poderá considerar um espectáculo. Espectáculo, não na sua essência adjectival, claro, mas na sua natureza meramente nominal. Especificando um bocadinho mais a coisa, adiante-se já que Zé Lino é um músico. Faz casamentos, baptizados, karaoke, bares, eventos e diversos eteceteras e tal. Portanto, actua basicamente em todo o lado onde o bom gosto não seja tido nem achado. Como não podia deixar de ser, nesta era da inovação, Zé Lino tem um site pessoal: o www.zelino-music.com. Music, para não confundir com os outros Zé Linos que já existiam e tinha um site a promover os seus serviços. Nomeadamente o Zé Lino Magic, o Zé Lino Tarot e o Zé Lino Instalação de Alcatifas, Laminados e Lamparquetes.
Para entrar no site de Zé Lino propriamente dito, temos que carregar num botão vermelho e, de imediato, somos recebidos pelo “Dancing in the Dark”, esse célebre hino de Bruce Springsteen. E, francamente, explorar o Zé Lino Music é um bocadinho como dançar às escuras. Há várias secções. Na secção “Quem sou” o músico fala de si na terceira pessoa. Não porque sempre lhe custou mais conjugar a primeira pessoa do singular, mas porque quer que os seus leitores pensem que foi outra pessoa que escreveu aquilo. O seu biografo? Talvez. Mas percebe-se que foi ele. Foste tu que eu sei. Foste tu, Zé Lino. Musicalmente, gosta de tudo um pouco. Por exemplo, e vou citar inteiramente o autor, “na sua opinião tocar Jazz não é pera doce e para quem conhece, mais ou menos, a linguagem é muito giro.” Sim senhoras! O próprio José Duarte não poria a coisa em melhores termos.
Zé Lino é também um homem de ideais. Luta por aquilo que quer. “Aos 17 anos participou num concurso na Rádio Cidade que consistia em juntar o maior número de assinaturas, seguido do respectivo número de bilhete de identidade” (…) “Zé Lino começou a juntar assinaturas já havia decorrido 1 mês e meio. Conseguiu arrecadar 3600 assinaturas. Muita gente não acreditava que conseguia e diziam que era um tempo perdido pois nunca penasaram que arranjava 3600 assinaturas, ganhando a guitarra de Slash. Ainda houve um segundo classificado com 3300 assinaturas. Por isso se diz que querer é poder”. Exacto. Por isso! Porque Zé Lino conseguiu 3600 assinaturas e o outro gajo só conseguiu 3300. É daí que vem este celebérrimo adágio.
Mas Zé Lino não é só jazz e assinaturas. Zé Lino é pândega. Zé Lino é folia. Zé Lino é regabofe. Zé Lino é patuscada. Zé Lino é funçanata. E a realidade é que eu podia estar aqui bem mais tempo. Conheço umas boas centenas de sinónimos do vocábulo “festa”. Aquela da boa. Da grossa. Da rija. Mas vou avançar. Verdade, verdadinha, é que Zé Lino e os amigos “faziam trinta por uma linha nos montes”, com os seus jipes, os “Guerreiros”, que, não raras vezes, ficaram atascados por esse Portugal fora. “Agora, diz que a predisposição para ficar atascado não é tanta, pois tem muitas outras coisas muito interessantes para fazer e não quer ter trabalho a desatascar Jipes.” Mas leiam lá o relato daquela vez em que “um dos Jipes ficou atascado ao pé de um desaguamento de esgoto”. Só vos digo que “foi fartar de rir” e que envolveu um “tractor daqueles grandes”.
Zé Lino “gosta muito de açorda de marisco, leitão, choco frito e um bom vinho, mas claro quem o conhece sabe que come tudo.” Pessoalmente, nunca duvidei. Bastou-me olhar para ele uma vez para duvidar, isso sim, se o próprio oxigénio que consome não será também altamente calórico. Diz ainda que a melhor banda do mundo são os Pink Floyd (Roger Waters), mas o melhor concerto foi do Roger Waters (Pink Floyd). Também preza o Roberto Carlos. Afinal de contas, “como dizia num site que viu na internet ‘Roberto Carlos está para o Brasil como o Elvis esteve para a América e os Rolling Stones estão para a Europa.’”
Existem ainda os vídeos, esse manancial de qualquer coisa que agora não m’a lembra. Há pelo menos um do Zé Lino, que, não esquecer!, praticou judo durante anos, a lutar com o Nuno. Não sei quem ganhou porque o judo, essencialmente, consiste em dois gajos abraçados a passar rasteiras um ao outro. E há vários vídeos com actuações ao vivo. Vi alguns. Muitos deles são em bailes de máscaras em que só para aí metade das pessoas é que estão mascaradas. Sobretudo a malta mai’nova. Os velhotes não se mascaram. Portanto, basicamente, estes vídeos do Zé Lino parecem o teledisco do “Thriller” se o Wacko Jacko tivesse gravado aquilo num lar de idosos. O resto são vídeos em cafés e associações. Caras de pessoas em cafés e associações. E o Zé Lino ao fundo. A fazer a sua arte.
Aproveitem. Casem mais cedo. Tenham um filho para o baptizar à pressa. Promovam um karaoke. Abram um bar. Organizem um evento. É que, caraças, o Zé Lino anuncia na secção “Orçamentos”: há uma nova campanha de descontos!
5 comentários:
Pois é, depois deste post não resisti a ir dar uma olhadela, eis com espanto que vi o vídeo do "Every brake you take"!!! Pensei "Ai que este tempo todo pensei que fosse breath e afinal.. vem o Zé Lino e mostra-me o quão enganada estava..." Actuação belíssima!
Bom blog.
Este é sem dúvida alguma o Jack Black português!
O Zé Lino é que devia ir a Eurovisão!
Pena que o cabelo (?) que o zé ostentava com orgulho, com aquela afirmativa melena frontal, tenha sido substituida por uma "máquina 0" (será que foi cumprir o SMO?)
Excelente interpretação de um dos melhores temas do reportório Marante/Diapasão, a Bela Portuguesa. Dava um bom 'réclame' à Macieira.
Excellent, love it!
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