27.8.06

Lost in Transladation

Como estamos em época alta, e malta estrangeira é o que para aí não falta, "lembrou-me" de criar uma rubrica que nos ajudasse a compreender "o falar" dessa gente, falar esse que também se usa muito na música de lá de fora. Para quem gosta de cantarolar e não percebe o que eles dizem nas suas líricas, esta é a solução.
Os moços que vos trago hoje fizeram muito furor lá terra deles, a América, país que apesar de não ser tão flagelado com o drama dos incêndios florestais como a gente por cá, mereceu na mesma este aviso sob a forma de canção acerca de juventude embriagada, que só está bem a fazer mal. Se não é a profanar cemitérios, é a puxar o fogo ao pinhal. Que malandragem pá! Vão "mazé" cortar esses cabelo e trabalhar. É o que é...



Os Portas - "Ateia-me a Labareda" / The Doors - "Light My Fire"


Tu sabes que seria inverdadeiro
You know that it would be untrue
Tu sabes que eu seria um falso
You know that i would be a liar
Se eu te fosse a dizer a ti
If i was to say to you
Miúda, não chegaríamos muito mais fininho
Girl, we couldn't get much higher

Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, acende-me o lume
Come on baby, light my fire
Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, acende-me o lume
Come on baby, light my fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite
Try to set the night on fire

Tempo de hesitar findou
Time to hesitate is through
Nenhuma equipe para engolir a mira
No time to wallow in the mire
Agora experimenta apenas perder
Try now we can only lose
E a hora do amor torna-se num pires funerário
And our love become a funeral pyre

Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, puxa-me o fogo
Come on baby, light my fire
Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, puxa-me o fogo
Come on baby, light my fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite
Try to set the night on fire

Ah! Uh! Cidadã estrangeira
Aouh, come on!
Cidadã estrangeira, Boazona!
Come on, babe!

Oh Sim! Cidadã estrangeira
Yeah! come on!
Cidadã estrangeira
Come on!

Ua ah uh! Oh sim!
Woaouh! yeah!

Foi a noite mais demorada da minha vida
It was the greatest night of my life.
Apesar de ainda não ter encontrado moçoila casadoira para desposar
Although i still had not found a wife
Tinha lá os meus amigos
I had my friends
Junto à minha beira
Right there beside me.
Éramos amicíssimos
We were close together.
Empoleirámo-nos no muro do cemitério
We tripped the wall, we scaled the graveyard
Navios antigos rodeavam-nos
Ancient shapes were all around us.
Tava muito nevoeiro e humidade
The wet dew felt fresh beside the fog.
Dois fizeram o amor com um velho borbulhento
Two made love in an ancient spot
Um era caçador e acordava cedo
One chased a rabbit into the dark
Uma miúda não aguentava a "buída" e jogou ao "mata"
A girl got drunk and balled the dead
E eu dei cabeças de salmão desovado
And i gave empty sermons to my head.
Cemitério, frio e quedo
Cemetary, cool and quiet
Detesto as folhas e a tua sagrada batata frita
Hate to leave your sacred lay
Bacano bebo leite pela manhã
Dread the milky coming of the day.

Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Ah, ah, ah, ah!
Rir em estrangeiro
Aah, aah, aah, aah, aah
Rir em estrangeiro
Aah, aah, aah, aaah !

Tempo de hesitar findou
Time to hesitate is through
Nenhuma equipe para engolir a mira
No time to wallow in the mire
Agora experimenta apenas perder
Try now we can only lose
E a hora do amor torna-se num pires funerário
And our love become a funeral pyre

Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, puxa-me o fogo
Come on baby, light my fire
Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, puxa-me o fogo
Come on baby, light my fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite
Try to set the night on fire

Tu sabes que seria inverdadeiro
You know that it would be untrue
Tu sabes que eu seria um falso
You know that i would be a liar
Se eu te fosse a dizer a ti
If i was to say to you
Miúda, não chegaríamos muito mais fininho
Girl, we couldn't get much higher

Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, puxa-me o fogo
Come on baby, light my fire
Cidadã bebé de nacionalidade estrangeira, puxa-me o fogo
Come on baby, light my fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite
Try to set the night on fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite
Try to set the night on fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite
Try to set the night on fire
Experimenta sentar-te ao lume de noite!
Try to set the night on fire!

Tudo fino! Tá tudo fino!
All right, all right!
Tudo fino!
All right!

11.8.06

Rádio Gémeo Malvado: Canções com nome de bandas



Ora bem, em termos de introdução, apraz-me dizer que, sim senhoras, estamos assim-assim e que, vá lá, poderíamos estar melhorzinhos assim ao nível das articulações, conjuntivites e, na generalidade, das cartilagens. Esta vida na poda arreia-nos o canastro todo e ainda por cima já sabemos que não podemos contar com ninguém em termos de mediante apresentações junto das autoridades competentes. Mas, pronto, já se sabe que quando a porca torce o rabo, todos choram e ninguém tem razão. Por essas, e por outras, é que a playlist desta semana apresenta a temática que apresenta. Para aquela cambada de proxenetas engravatados saber o quanto elas custam. Biltres, pá, que bom nome é melhor que riqueza, hã? Adeusinho e continuação.

Nino Tempo & April StevensDeep Purple

Este electrizante duo estaria longe de imaginar que o título de uma das canções do seu vasto repertório de cerca de algumas, seria, alguns anos mais tarde, também o nome de uma banda. E não uma banda qualquer. Não. Uma banda que, em tempos, o Guiness chegou a eleger como a mais barulhenta do planeta. Questiono-me sobre que país ostentaria, na altura, o recorde de maior pão com chouriço do planeta. Sim, porque barulho qualquer um pode fazer. Um pão com chouriço gigante é outra conversa. É por essas e por outras que Viseu será sempre maior que os Deep Purple.


Alice in ChainsGod Smack

Uns jovens rapazes resolveram pegar numa música da sua banda favorita e formar uma, enfim, banda. Por isso, e porque tinham o space empanado, nasciam os Godsmack. Sim, space. Pessoas que dizem “barra de espaços” deviam acordar todos os dias com um corte de papel no dedo indicador. É particularmente complicado porque o dedo indicador passa o dia a tocar em coisas e depois dá assim uma sensação de ardência bastante frequente. É lixado, mas a opção por “barra de espaços” até merecia maior punição.


Dr. Feelgood
- Roxette

Dizer “barra de espaços” talvez mereça uma punição inferior a pensar que estes Eurythmics da Suécia eram casados um com o outro. Deviam ser atacados por coceiras e formicações cíclicas em zonas inatingíveis. Portanto, vamos lá a acalmar e a calar, porque os Roxette não eram marido e mulher. Lançaram foi um álbum em espanhol, facto que, por norma, é indicador inequívoco de qualidade. Se concebermos os Roxette como um queijo, o tal álbum em espanhol será então o seu bolor. Uma das canções era “Una reina va detras de un rey”, melodia que, a julgar pelo título, parece promover o uso de strap-ons entre a realeza.


Talking Heads
Radio Head

Os Radiohead, ainda sem nome, ouviam na sua garagem os Talking Heads a cantar a “Radio Head”. Vai daí, os Radiohead decidem pegar no título “Radio Head” e formar uma banda, os Radiohead. Não consta que os Radiohead tenham alguma vez cantado a “Radio Head”, o que é chato, até porque, afinal de contas, foram os Talking Heads, com a sua “Radio Head”, que inspiraram os Radiohead. David Byrne, o Rui Reininho britânico, ainda hoje quer saber porque raio os gajos dos Radiohead não prestam homenagem à “Radio Head”. E, cuidado com ele, hã? Se ele até já cobriu a “I wanna dance with somebody” da Whitney Houston, não lhe deve custar muito bater nuns tísicos de Oxford.


Jesus and Mary ChainSugar Ray

Incrível como uma canção, a “Sugar Ray”, pode ser tão melhor que uma banda, os “Sugar Ray”. Era como se os Jesus and Mary Chain se chamassem “Sou como um rio”. Aliás, isso era ao contrário. Porque era uma banda muito melhor que a canção que lhes deu nome. Bem, mas… enfim… é… por vezes… portanto, estava-se a falar de quê exactamente?


Leonard CohenSisters of Mercy

Leonard Cohen, “o tio da França” do Figo – sendo que França é, como se sabe, o representante de qualquer país para onde s’emigre – cantou baixinho este Sisters of Mercy. Parece que as irmãs da misericórdia têm um bordel em Montreal e o tio do Figo dedicou-lhes esta canção. À espera de umas borlas, claramente. Esteve ainda noivo da Rebecca de Mornay, a actriz que disputa o título de mais tempo d’antena na TVI com a Sofia Alves e a Xana Lencastre. Quanto à banda, os Sisters of Mercy, era giro que visitassem o tal bordel. Era espirituoso. Era os sisters of mercy nas sisters of mercy. Literalmente.


Bernard CribbinsRight said Fred

Bernard Cribbins era um pau para toda a obra e chegou a entrar no Espaço 1999. Antes disso, cantou umas coisas. Uma delas, quase trinta anos depois, levou dois carecas, constantemente em tronco nu, a dizer que eram demasiado lúbricos para o seu amor, para a t-shirt, para Milão, Nova Iorque e Tóquio, para a festa não sei de quem, para o seu carro, chapéu e gato. Sim, sei isto de cor. Seja como for, é este o legado de Cribbins e dos “Right said Fred”, a primeira banda depois dos Beatles a conseguir, com o seu single de estreia, um número #1 em território norte-americano. E o Líbano é que é bombardeado. Enfim, critérios.


T-RexMister Mister

Antes de ingressar no mundo do cinema e fazer de dinossauro mau do Parque Jurássico, “T-Rex” foi um grupo musical. Já os “Mr. Mister” tinham, claramente, outra genica. A começar por um teledisco onde o vocalista usava um blazer com as mangas arregaçadas e acaba, cheio de sede, a olhar para uma águia ou um pássaro grande qualquer. O título dessa cantoria, “Broken Wings”, deve ser uma metáfora e assim essas coisas das interpretações e segundos sentidos. O teledisco até era a preto e branco e normalmente as coisas a preto e branco têm muitas metáforas e coisas para pensar.


Prince Buster
Madness

Simultaneamente com uma carreira musical, o jamaicano Prince Buster formou, junto com os Ghostbusters, uma força especial que visava livrar os 80’s de duas das suas maiores assombrações: os fantasmas e, claro, o Prince. Em termos musicais, a sua canção “Madness” terá ajudado a formar um grupo de sete marmanjos que se tornou famoso a cantarolar que a casa deles ficava mesmo no meio da rua. Grande avaria, sim senhoras. Digna de se cantar sobre isso.


The Music MachineTalk Talk

Uma coisa assim meio para o psicadélico, estes The Music Machine. Tinham algum talento, mas estão condenados a que, décadas depois do seu fim, ainda os confundam com os Miami Sound Machine e, por arrasto, com a Gloria Estefan. O seu maior sucesso, este “Talk Talk”, inspirou uma banda aparentemente obcecada com a palavra “life”. Ainda há pouco tempo, os “Sem Dúvida” cobriram uma dessas músicas dos “Fala Fala”.


The Electric PrunesBangles

Mais uma banda dos 60’s com bastante de psicadélico. Não sei muito bem quem são estes ameixas eléctricas, mas a Susanna Hoffs era a Bangle gira. Quanto às Bangles, consta que eram umas malucas à segunda-feira e que andavam como faraós a atear pinhais com labaredas eternas. Depois da Susanna, a Bangle mais…como dizer isto sem ofender e ser bravio…“tragável”, vá, era capaz de ser a ruiva. Acho eu. Certezas, certezas, só mesmo que a Susanna era gira e que havia uma loura demasiado grande para não ter, em algum momento da sua vida, mijado em pé e sacudido. A mulher quer-se é pequena, como a sardinha. E não grande, como o Obikwelu.

10.8.06

Surströmming

Surströmming (arenque azedo) é uma especialidade sueca que consiste em arenque Báltico fermentado. É vendido em latas, que quando abertas, largam um cheiro intenso e repugnante. Por causa do seu cheiro particular, semelhante ao de peixe podre ou carne putrefacta abandonada ao sol por alguns dias, que surströmming deve a sua impopularidade na cultura popular, e diz quem já experimentou, que nunca mais esquecerá essa experiência. Por causa do cheiro, esta refeição muitas vezes é consumida ao ar livre. Chega-se ao cúmulo de se abrir a lata por debaixo de água, não só por causa do cheiro, mas também porque a pessoa pode ficar embebida na salmoura, devido a pressão que a lata acumula por causa da fermentação.
Uma explicação para o uso deste método para preservar peixe, é que, antigamente o sal era muita caro na Escandinávia. No processo de fermentação usa-se apenas o mínimo para não deixar apodrecer o peixe.
A fermentação é tão explosiva, que a lata se disforma passado algum tempo e é proibida levar nos aviões de companhias como a Air France and British Airways. Uma potencial arma terrorista! As empresas de Surströmming retorquem que é tudo uma grande treta, que nunca na vida uma lata dessas pode explodir. E se alguem se lembrar de abrir uma lata em alto vôo? Deve ser pouco agradável, não...senhores fabricantes?
Depois de saber da existência deste prato excêntrico fiquei com uma enorme vontade de experimentar. Por isso, peguei no teclado e escrevi uma carta electrónica para a embaixada de Suécia em Lisboa:

"Exmo. Sr /Exma. Sra,

Venho por este meio colocar vos uma pergunta que podeser de certa maneira estranha. Recentemente li um artigo sobre um dos vossos pratos nacionais: o mítico surströmming. Gostava de saber se há algum sítio em Portugal onde poderei adquirir ou provar esta iguaria. Li que é proibido levar no avião, dai que mandar vir pelo correio também não deve ser opção.
Sem outro assunto de momento,
Atentamente,

Mat"

2.8.06

Escravo do capitalismo

Como milhares de habitantes neste país e neste mundo, procuro um futuro melhor. Essa procura passa em primeiro lugar, pela procura de um emprego melhor (leia-se mais bem pago). Claro que a minha ocupação principal, é ser colaborador aqui do GM, mas esse infelizmente não paga. Ou seja, sou como a malta da Opus Dei e da Maçonaria, que também não é paga.
Mas voltando à procura de emprego, sou também da opinião que se devia dar o direito a uma pessoa de poder mudar de profissão de vez em quando. É chato fazer sempre a mesma coisa. É uma prisão mental. Vejam o meu exemplo: durante anos saltitei de emprego para emprego e sempre a ganhar ordenados de miséria. Gostava experimentar por uma vez só um emprego fixo, muito bem pago, durante um largo período de tempo. Substituto de Hugh Hefner, por exemplo.
Esta semana lá fui eu mais uma vez à uma entrevista. E para dizer a verdade, as entrevistas nunca me meteram medo. Pelo contrário, até aprecio uma boa entrevista. Sempre tive o bicho do teatro e as entrevistas são sempre bons momentos para mostrar o Marlon Brando que há dentro de mim. Faço sempre de conta que estou super-interessado e minto sempre como um coxo quando digo à descarada: “o ordenado não é o mais importante para mim”.
Infelizmente o esforço do meu "method acting" nunca foi muito bem recompensado. Devo ser um mau actor.
A senhora dos recursos humanos tinha me dito que para entrevista, chegava uma camisa por cima das calças. No entanto, ao chegar à sala reparei que todos os homens estavam de fato e gravata! Dei logo sinal da minha exclusividade.
Depois da apresentação, tivemos direito a dois testes psicológicos. No primeiro meteram um chocolate na mesa e tivemos que dizer porque é que deveríamos ficar com ele e os outros candidatos não. Ôbviamente que não fiquei com o chocolate.
O segundo consistia numa pequena parábola, sobre um abrigo subterrâneo numa zona que vai ser bombardeada, onde devíamos colocar apenas 6 pessoas de um total 12. Nada fácil, porque na lista só havia canalha do pior: um advogado, um padre de 75 anos, uma prostituta, uma criança demente, um declamador fanático, um físico com uma arma, uma estudante casta, etc.
Após este exercicio, ainda tivemos de dizer as razões pelas quais escolhemos aquela empresa. Dizer a verdade, que tinha sido apenas para auferir um melhor salário, não valia obviamente a pena. De qualquer modo, vou ficar à espera de uma boa notícia.