31.1.06

GMI - Gémeo Malvado Investiga


Muito estranho. Isto. Muito estranho. Tenho uma veia de detective, que lateja veementemente sempre que tenho o azar de ver aquele cenoura do CSI com tiradas de canastrão como “Well, it looks like the shoe is on the other foot now, isn't it?”, enquanto olha para o infinito. Mesmo antes do genérico, ele, o cenoura, diz sempre uma coisa qualquer em modo canastrão.

Bem, um japonês morreu em Bucareste, devido a um ferimento numa das pernas, depois de se ter arrastado trinta metros, e, consta, fê-lo apenas a tempo de balbuciar “cão” e “ambulância”. O que eu aprendi, das vezes que vi o CSI, mas sobretudo, das inúmeras vezes que vi o “Crime, disse ela”, foi que se deve começar uma investigação questionando insistentemente – feito parvinho mesmo – o óbvio. Vamos partir do princípio que o Honda falou em inglês e que é a coisa mais normal do mundo, numa capital europeia, um oriental arrastar-se durante uns bons metros até se esvair em sangue. Posto isto, e atentado nos parcos dados disponíveis:

- Se o japonês tivesse balbuciado “Drácula” e “Nadia Comaneci”, as conclusões seriam que um japonês foi fatalmente mordido pelo “Drácula” numa das pernas e pediu para lhe chamarem a “Nadia Comaneci”? Ou vice-versa? Onde é que estava a Nadia Comaneci quando este japonês foi mordido por um suposto cão? E será apenas uma coincidência que Bucareste, local do homicídio, fique a apenas 175 quilómetros de Sighisoara, a cidade natal do Conde Drácula?

- Não podia muito bem ser um japonês dread e estar a tentar dizer “Call an ambulance, dog!”? Eles, os dreads, tratam as pessoas por “dog”, que eu já vi em filmes e telediscos de “booty shaking”. Nesse caso, a hipótese “foi um cão que lhe mordeu na perna” ficaria completamente arredada.

- Porque é que não foi uma ambulância que atropelou o japonês que andava a passear o cão? Ou um cão a guiar uma ambulância que o atropelou? Ou uma ambulância que ia para o veterinário com um cão aleijado ou doente na maca? Porque é que não foi ele, o nipónico, que caiu de uma ambulância, quando esta se desviou abruptamente de um cão? Sendo apenas duas palavras, há uma variedade de hipóteses credíveis que, quer-me parecer, nem chegaram a ser consideradas.

- E como é que sabem que o cão era vadio? Se ele só disse “cão”, como é que sabem que o animal não tinha coleira? Até podia ser a Lassie. A Lassie era um cão vadio? Por falar nisso, onde é que estava à Lassie à hora da ocorrência?

- E a máquina fotográfica do japonês? À velocidade que essa gente tira fotos, de certeza que, revelando-se o rolo, dá para ver o que se passou quase como se fosse um filme experimental. Daqueles europeus que ganham prémios e tudo.

Veredicto GMI: é, de facto, um caso sinuoso. Porém, e não havendo resposta para as pertinentes interrogações acima dispostas, essas, as interrogações, tiveram o condão de encarrilar na minha mente uma resolução inequívoca. Logo para começar, afaste-se a hipótese “cão”. Tratou-se, declaradamente, de um homicídio perpetuado por um homem, e não um cão. Só um homem poderia conhecer a anatomia humana de modo a atingir o sinistrado numa zona crítica. Aliás, nesse sentido, terá sido quase de certeza um médico. Sendo um médico, será alguém que seja também invisual ou ávido praticante de caça – porque, invisuais e caçadores, são indivíduos mais associados à imagem do canídeo, o que, em absoluta medida, justifica o facto do perecido ter balbuciado “cão”. Sendo que se tratou de um crime numa zona urbana, vamos partir do princípio que foi um invisual, e não um caçador. Ora bem, tratando-se de um médico invisual, a ambulância também está explicada: é o meio de transporte dos médicos. Consumada a agressão, o médico invisual ter-se-á colocado em fuga na ambulância, não sem antes, e porque não vê a ponta dum corno, ter atropelado e arrastado o japonês durante, claro, trinta metros. Resta apurar o motivo. Todavia, perante argumentos tão sólidos, o apuro da motivação é claramente secundário.

A vossa localidade é capital de quê?

Li há pouco tempo que Lisboa além de ser capital de Portugal, é capital Atlântico. Pensei logo se era realmente a única capital situada a margem do Oceano Atlântico. Reykjavík não fica ao pé do Atlântico? E Dakar? Nouakchott? Paramaribo ou Buenos Aires não o são? Não?
Bem, mas fiquem a saber que Lisboa não é a única capital em Portugal. Ora vejamos:


Almeirim - Capital da Sopa de Pedra
Armamar - Capital da Maçã
Barcelos - Capital dos Pitos*
Braga - Capital do Barroco
Bombarral - Capital da Pêra Rocha
Caldas da Rainha - Capital da Cerâmica
Campo Maior - Capital do Café
Cantanhede - Capital da Merda*
Cartaxo - Capital do Vinho
Celorico da Beira - Capital do Queijo da Serra
Coimbra - Capital do Saber Português
Entroncamento - Capital do Comboio
Faro - Capital da (in)Cultura de 2005*
Felgueiras - Capital do Calçado e do Ferrari*
Fundão - Capital da Cereja
Golegã - Capital do Cavalo
Gondomar - Capital do Apito Dourado*
Horta - Capital do Iatismo
Lisboa – Capital de Portugal e Capital Atlântico
Leiria - Capital das Brisas do Lis*
Lousã - Capital do Papel e do Livro
Marinha Grande - Capital do Vidro
Marvão - Capital da Castanha
Mirando do Corvo – Capital Nacional da Chanfana
Mealhada - Capital do Leitão
Mirandela - Capital da Alheira
Montemor-o-Velho - Capital do Arroz
Montijo - Capital do Porco
Moura - Capital do Azeite
Óbidos - Capital do Chocolate
Olhão - Capital do Marisco
Paços de Ferreira - Capital do Móvel
Penacova - Capital da Lampreia
Ponte de Lima - Capital do Vinho Verde
Portimão - Capital da Sardinha
Rogil - Capital da Batata-doce
S. Braz de Alportel - Capital da Cortiça
São João da Madeira - Capital do Calçado*
Santarém - Capital do Gótico
Setúbal - Capital da Caldeirada e do Choco Frito*
Valpaços - Capital do Folar
Vila Nova de Poiares – Capital Universal da Chanfana
Vila Pouca de Aguiar - Capital do Granito
Vila Viçosa - Capital do Mármore
Vinhais - Capital do Fumeiro
Valongo - Capital do Whisky (pelo menos é para o presidente da câmara, que mama uma garrafa por dia!)*

* sugestões dos leitores

Falta muita cidade, vila e aldeia que ainda não é capital. E isso não é justo! Por isso, estimado leitor, se tiver propostas… envie-nos um email. Eu já pensei em alguns exemplo tais como: Guimarães que devia ser a Capital do Berço; Vila Nova de Gaia: Capital do Vinho do Porto; Fátima: Capital das Aparições; e Barrancos: Capital das Touradas Permitidas.


Rua principal da gloriosa capital universal da chanfana, Vila Nova de Poiares.

26.1.06

Intervalo para Publicidade

Venha de lá então essa gripe das aves, que já temos remédio!

25.1.06

Eis o vosso país!

Ontem telefonei para um instituto estatal, porque precisava de algumas informações. Aqui fica o diálogo:

Secretária: “Bom dia, com posso ser útil?”
Mat le Bon: “Bom dia, há algum tempo participei num concurso do vosso instituto e gostava de saber como isso ficou…”
Secretária: “Como houve enganos no passado, não podemos dar informações através do telefone, mas todos os resultados dos concursos são afixados aqui no edifício…”
Mat le Bon: “OK, mas eu vivo em Lisboa e é me impossível dirigir-me a Viseu apenas para ver isso”
Secretária: “E não pode pedir a alguém conhecido aqui em Viseu para vir cá ver isso?”
Mat le Bon: “Eu não conheço ninguém em Viseu…”
Secretária: “Então se calhar vai ter que passar mesmo aqui…”
Mat le Bon: “Que chatice! …e não posso encontrar os resultados na vossa página de internet?”
Secretária:“Provavelmente sim...”
Mat le Bon: “Bom, então vou tentar isso…obrigado e um bom dia!”
Secretária: “De nada!”

Fui ver o site e não havia lá nada.


P.S.- Le Bon não é o meu apelido verdadeiro.

22.1.06

A Mais Dura V



SIGOURNEY WEAVER

Susan Alexandra Weaver nasceu a 8 de Outubro de 1949, em Nova Iorque. Dia que , para além de ser um feriado qualquer por cá, é também o dia de aniversário do Matt Dammon, um conhecido contínuo que percebe de contas de matemática.
Seu pai,
Sylvester "Pat" Weaver Jr. foi presidente da estação NBC durante um par de anos e inventou os talk-shows de sofá e secretária, onde as pessoas conversam e têm sempre canecas de café, por serem demasiado impacientes para esperarem pelo "intervalo do café".
A sua mãe Elizabeth Inglis, além de inglesa como o próprio nome indica, era uma actriz que abandonou a carreira pela vida familiar. Tem ainda um irmão com o nome parecido com um tipo de vírus informático, Trajan, e acerca do qual eu não sei absolutamente nada.

Aos 14 anos, decidiu mudar o seu nome para Sigourney, porque andava a ler um livro em que uma das personagens também se chamava assim. Advirto desde já os pais e futuros pais para um dos mais graves riscos que a leitura tem, sobretudo a de livros de literatura, nas cabeças dos mais novos que ainda não têm pensar de gente: A leitura provoca ideias!
Sigourney frequentou uma escola de teatro, mas o seu 1,85m de altura fez com que ficasse sempre com papéis de prostituta ou de velha. Não percebo o que raio tem a altura a haver com isto, mas é o que está escrito no IMDB. Eu cá acho que também há prostitutas baixas... quanto muito ela poderá parecer um travesti, ou um drag-queen, visto que tem altura de homem.

Como todas as actrizes de quem eu já aqui falei, estreou-se numa "ópera de sabão" intitulada "Madman" de 1976. Mas o seu primeiro papel de relevo, foi em 1978, em que fez de "acompanhante dum gajo à porta do cinema" no filme "Annie Hall" de Woody Allen, e que teve a fantástica duração de seis segundos. Deve ter percebido que não seria em comédias pseudo-intelectuais que estava o seu futuro, e logo no ano seguinte dedicou-se à matança bicharada do espaço no filme "Alien" de Ridley Scott.
Foi graças à cena em que despe a roupa de astronauta que ganhou o 81º lugar na classificação das actrizes mais sexys do cinema e um lugar cativo no imaginário libidinoso dos fans de ficção científica. O monstro deste filme foi criado pelo artista alemão RH Gigher, que também fez retratos da Debbie Harry na altura em que ela ainda era jeitosa.

Os filmes que se seguiram foram "Ghostbusters" e "Aliens", de novo com muita bicharada . Esta sequela foi dirigida por James Cameron que abandonou o projecto de "Rambo II", mas que no entanto aproveitou o guião que já tinha, substituíndo o nome "Rambo" por "Ripley" e os vietnamitas por "aliens".
Em 1988, Weaver decide trocar o fato de macaco que usara em "Alien" por uma roupa do Coronel Tapioca e ir para "Bruna" morar com gorilas. Caso não saibam, os gorilas nesse filme eram bonecos robotizados, uma espécie híbridos de macaco Adrinano com um androide do "Alien". Ainda no mesmo ano, fez de "gaja que partiu a perna" num filme com a Mellanie Griffith e foi convidada a dar continuidade à sua personagem na sequela de "Ghostbusters" , antes dos produtores se terem apercebido que aquilo dava era uns bons desenhos animados.

David Fincher realizou o segundo melhor filme da saga "Alien", no qual Sigourney Weaver volta à personagem "Ellen Ripley". Desta a acção do filme desenrola-se na prisão para onde enviaram o grupo de "skinheads" que mataram o Carlos (o cabo-verdiano assassinado no Bairro Alto) e no qual "Ripley" faz justiça ao adjectivo "dura", pois salta para dentro dum balde de fundição, com muita mais pinta do que o Arnie no "Terminator 2". Afinal de contas um mergulho para a morte em estilo livre é mais impressionante do que descer agarrado a umas correntes a fazer um "fixe".

Participou ainda, numa série de filmes onde teve a oportunidade de torturar o "Ganhdi" e mostrar que tem mais caparro que o John Hurt, ser a primeira-dama dos E.U.A e brincar à branca-de-neve.
Susana Alexandra protagonizou também o último (?) filme da série "Alien", realizado pelo gajo do "Amélie", fazendo-se acompanhar dum "Milli Vanilli", do "Hellboy" que era também o atrasado do "Nome da Rosa", um anão paraplégico, o "Eddie" dos Iron Maiden e de uma miúda que rouba nas lojas de confecções e pronto-a-vestir.

De facto, Sigourney Weaver em tudo para ser "A Mais Dura", é alta, tem caparro, maneja armas e explode com coisas, pilota naves e até nem sequer fez muitos filmes "sensíveis". Só tem um problema: tem medo de andar de elevador. Como raio é que se faria um "Die Hard" com ela?

16.1.06

May Day! May Day!

Como ficaria o lendário guitarista dos Queen, Brian May, se trocasse os seus caracóis à Luís XIV pelo penteado, do não menos mítico, Garcia Perreira?

13.1.06

Recordar 2005


O Pior Àlbum - Now 62 “Now that’s what I call music! Vol 62” Este é apenas o último dos 3 álbuns “Now” lançados este ano (60/61/62). Mais musica, mais cor, mais volume, mais brilho.

O Pior Livro - "Harry Potter e o Príncipe Misterioso". No quinto livro desta série, continua a luta pelo Bem. Nesta história os maus tornam-se cada vez mais maus e os bons cada vez mais bons. Brevemente novo livro; Harry Potter e a Azeitona Mágica”.

O Pior Filme - Ben e Loury Got Married, para quem gosta de ver cerimónias de casamento por esse mundo fora, sejam eles quem forem. Este serviço também está disponível na sua loja FotoBrinde da Caranguejeira. (oferta de poster e terço grande em madeira).

A Pior Personalidade - Empate entre Fernando Rocha e G. W. Bush. Um o rei das anedotas, o outro o rei do mundo. Descubra as sete diferenças.

O Pior Evento - Concentração motard em Góis. Mais um ano de muitas reuniões motards, esta em especial continua a crescer de ano para ano. Brevemente no G.M. a rubrica, “O melhor logo de grupo motard”.

O Pior Programa TV - "Malucos do Riso". Felizmente continua, 2005 foi mais um ano de afirmação do programa que nos deixa bem dispostos.

O pior Blog – Empate técnico entre o Blog do Manel e o Blog da Maria.

10.1.06

O Saldal

Todos sabemos que Portugal está a passar por tempos difíceis. A economia não anda, há muito desemprego, a classe média está a desaparecer, o FCP está em primeiro lugar, os salários são baixos… enfim, há uma crise que teima em não desaparecer.
Uma das soluções para este problema é a instauração de um novo feriado: o “Saldal”.
Basicamente é a festa de Natal, mas festejado um mês depois do Natal, e com muitas vantagens para os Portugueses. Vejamos:

- Em primeiro lugar, podemos comprar prendas, comes e bebes à preços baixos. Isso é bom para as nossas carteirinhas.

- Damos de volta ao Natal o seu cariz religioso original e deixamos todo o lado comercial para o Saldal, logo a Igreja ficará contente e dará a bênção.

- Para o estado é bom também porque quem quer ir a Missa do Galo tira o dia do Natal, quem quer festejar o Saldal tira um outro dia, ou seja, o país não pára em nenhum desses dias. E como se sabe, não parar é bom para a economia nacional.

Até já existe uma música para o Saldal!

No Saldal pela manhã
Ouvem-se as maquinas a registar
E há uma grande alegria, no ar

Refrão:
A todos um Bom Saldal
A todos um Bom Saldal
Que seja um Bom Saldal, para todos vós
Que seja um Bom Saldal, para todos vós

Nesta manhã de Saldal
Há em muito centro comercial
Milhões de pessoas neste verdadeiro festival

Refrão:
A todos um Bom Saldal
A todos um Bom Saldal
Que seja um Bom Saldal, para todos vós
Que seja um Bom Saldal, para todos vós

Vamos aos saldos para fazer compras
Vamos pagar com Multibanco ou com notas
Uma camisa, um cachecol ou umas lindas botas

Refrão:
A todos um Bom Saldal
A todos um Bom Saldal
Que seja um Bom Saldal, para todos vós
Que seja um Bom Saldal, para todos vós

Obrigado senhor Azevedo
por esta chouriça a metade do preço
até nós esquecemos que há tanto desemprego

Refrão:
A todos um Bom Saldal
A todos um Bom Saldal
Que seja um Bom Saldal, para todos vós
Que seja um Bom Saldal, para todos vós

Queremos lá saber da dívida externa
Da inflação ou de quem governa
Era bom se este Saldal fosse eterna.

Refrão:
A todos um Bom Saldal
A todos um Bom Saldal
Que seja um Bom Saldal, para todos vós
Que seja um Bom Saldal, para todos vós

Separados à Nascença












Soup Nazi – Embora com uma passagem fugaz por aquele programa de variedades e entretenimento, foi uma das personagens mais marcantes de “Seinfeld”. Apelidado de “Nazi das Sopas”, pela forma autoritária, organizada e psicótica como comercializava o afamado caldo, este senhor acaba por apresentar uma figura mais próxima de Estaline, o adorado soviético, do que de Hitler, esse visionário germânico. Assim como assim, ficou mesmo o Nazi das Sopas e o seu emblemático “No soup for you!” ainda hoje é repetido em muitos pontos do globo. Sobretudo em África.

Sacadura Cabral – Foi um oficial da Marinha Portuguesa e, diz quem viu e quem com ele partilhou uma vida votada ao mar e ao encarceramento naval com centenas de outros homens durante meses a fio, que era capaz de criar as mais espantosas coreografias para a canção “In the Navy” da sodomítica banda “Village People”. Todavia, deixou-se de brincar aos barcos e acabou por se tornar famoso quando, junto com Gago Coutinho, seu companheiro de sempre, realizou a primeira travessia área do Atlântico Sul, num miserável avião sem casa de banho e ávidas hospedeiras (sim, a frequência de voos faz maravilhas pela libido das senhoras). Partiram de Lisboa e, mais de dois meses depois, chegaram ao Recife. Claro, atrasadíssimos para uma reunião e sem um monte de papelada importante que acabou por se espalhar ao longo do Atlântico.

5.1.06

Pequenos prazeres II

Algo que me dá imenso prazer, é durante o almoço e jantar (sobretudo quando a conversa dos nossos companheiros da mesa é chata), ler os rótulos dos produtos que estão expostos na mesa.
Qual não foi o meu espanto no outro dia, quando descobri que o molho da salada que tinha adquirido numa cadeia alemã…era de origem Romena!
De Roménia sei pouco…Ceaucescu, Bucareste, Transilvania, Dracula, Hagi…e pronto, mais nada. Mesmo sabendo pouco desse mundo desconhecido, tenho no meu frigorifico um salad dresser de lá. Coisa fascinante, não?
Pensei dar o nome de “labelspotting” a este passatempo radical e desafio os nossos estimados leitores, a compartilhar as suas novas descobertas.
Uma vez, há muitos anos, descobri que uma lata de corned beef lá em casa, vinha da Etiópia. E isto na altura do Live Aid! Esse dia foi de facto, um dia glorioso para o labelspotting!

3.1.06

Concursos do Mundo II

A Finlândia é um país. Deve ser dos países mais aborrecidos do planeta, mas não deixa, só por isso, de o ser, um país. Apesar deste preconceito, nada tenho contra a Finlândia e, até hoje, só conheci um nativo lá dessa gentalha. Sempre que o via na cantina, a encher a mula, aproximava-me e dizia “Are you finish?”, ao que ele, a princípio solícito e simpático, anuía com um “yes” entoado de forma medieval, ainda que nada ameaçadora e com uma dentição decente. Resposta dada, e eu, acto contínuo, retirava-lhe o tabuleiro. Porque ele já tinha acabado. A verdade é que sempre quis usufruir das potencialidades do facto de o vocábulo inglês para “finlandês” e “acabado” ser, foneticamente, tal e qual. O que fiquei a saber foi que, ao contrário do que por aí se diz, os nórdicos não têm assim tanta paciência como isso.


Bem, serve isto para introduzir o facto de haver um concurso na Finlândia que, em termos de estupidez, chega aos calcanhares da piada com que eu massacrava, diariamente, aquele pobre “Finnish”. Enquadrando historicamente isto tudo, parece que aqui há coisa de centenas e centenas de anos, os nativos de um território – que equivale exactamente à actual Finlândia – tinham o nobre costume de privar as aldeias vizinhas das jovens parideiras. E sim, parece que este nobre acto (actualmente apelidado de rapto e mais que provável violação) deu origem a um dos concursos mais fascinantes do planeta: o carregamento de mulher.

Em poucas palavras, pede-se a um senhor que carregue a sua patroa durante um sinuoso percurso que inclui zonas de água, lama e alcatrão, e que atinge a astronómica cifra de 250 metros. E é só isto. Carregar a patroa no melhor tempo possível. Quer dizer, bem vistas as coisas, carregador e carga não têm, obrigatoriamente, de partilhar o leito, pede-se, contudo, que a senhora tenha já completado 17 primaveras e que atinja o peso mínimo de 49 quilos. Caso fique aquém desta segunda marca mínima, ser-lhe-ão anexados pesos até que alcance a mesma. Devem pô-los, aos pesos, no rabo, que é para onde eles irão, mais dia, menos dia.

Os prémios? Sobretudo, o peso da senhora em cerveja, mas também uma bastante secundária cabine portátil de sauna. Nos últimos anos, os estónios revolucionaram a modalidade, elevando a sua táctica de carregamento – o carregamento estónio – ao patamar de táctica “Mourinho” deste nobre desporto. Este, o carregamento estónio, consiste no seguinte: a senhora fica com as coxas encaixadas no cachaço do senhor, mas na posição oposta à esperada, pelo menos em termos de qualquer funcionalidade sexual. Mas não é esta táctica, que revolucionou conceptualmente todo o jogo, que mais me fascina nisto tudo. É que este jogo, mais que qualquer outro, é uma autêntica metáfora da vida moderna. Assim, tal como, no jogo, o homem tem que atravessar superfícies complicadas, há na vida momentos de dificuldade, em que é preciso considerável esforço e estofo. Como se isso não bastasse já, o homem, na vida e no jogo, ainda o faz com uma mulher às costas, que sustenta e protege. Além disso, essa mesma mulher, na vida e no jogo, é um peso que os pode impedir de chegar a cerveja. Finalmente, para completar o ramalhete, na vida, como no jogo, quanto mais pesa a mulher, mais cerveja o homem bebe. É a mais precisa metáfora da existência moderna.