2.8.06

Escravo do capitalismo

Como milhares de habitantes neste país e neste mundo, procuro um futuro melhor. Essa procura passa em primeiro lugar, pela procura de um emprego melhor (leia-se mais bem pago). Claro que a minha ocupação principal, é ser colaborador aqui do GM, mas esse infelizmente não paga. Ou seja, sou como a malta da Opus Dei e da Maçonaria, que também não é paga.
Mas voltando à procura de emprego, sou também da opinião que se devia dar o direito a uma pessoa de poder mudar de profissão de vez em quando. É chato fazer sempre a mesma coisa. É uma prisão mental. Vejam o meu exemplo: durante anos saltitei de emprego para emprego e sempre a ganhar ordenados de miséria. Gostava experimentar por uma vez só um emprego fixo, muito bem pago, durante um largo período de tempo. Substituto de Hugh Hefner, por exemplo.
Esta semana lá fui eu mais uma vez à uma entrevista. E para dizer a verdade, as entrevistas nunca me meteram medo. Pelo contrário, até aprecio uma boa entrevista. Sempre tive o bicho do teatro e as entrevistas são sempre bons momentos para mostrar o Marlon Brando que há dentro de mim. Faço sempre de conta que estou super-interessado e minto sempre como um coxo quando digo à descarada: “o ordenado não é o mais importante para mim”.
Infelizmente o esforço do meu "method acting" nunca foi muito bem recompensado. Devo ser um mau actor.
A senhora dos recursos humanos tinha me dito que para entrevista, chegava uma camisa por cima das calças. No entanto, ao chegar à sala reparei que todos os homens estavam de fato e gravata! Dei logo sinal da minha exclusividade.
Depois da apresentação, tivemos direito a dois testes psicológicos. No primeiro meteram um chocolate na mesa e tivemos que dizer porque é que deveríamos ficar com ele e os outros candidatos não. Ôbviamente que não fiquei com o chocolate.
O segundo consistia numa pequena parábola, sobre um abrigo subterrâneo numa zona que vai ser bombardeada, onde devíamos colocar apenas 6 pessoas de um total 12. Nada fácil, porque na lista só havia canalha do pior: um advogado, um padre de 75 anos, uma prostituta, uma criança demente, um declamador fanático, um físico com uma arma, uma estudante casta, etc.
Após este exercicio, ainda tivemos de dizer as razões pelas quais escolhemos aquela empresa. Dizer a verdade, que tinha sido apenas para auferir um melhor salário, não valia obviamente a pena. De qualquer modo, vou ficar à espera de uma boa notícia.

6 comentários:

Sacrilegius disse...

Lamento desiludir-te, mas pelo que percebi, não te vais safar.
De uma leitura rápida, dois erros crassos estão identificados :

- A história do chocolate : Aquilo não é para dizer porra nenhuma. Enquanto os outros estão a disparatar razões para ficar com o dito, tu devias, num gesto rápido, arrebatá-lo e tunga ... na tua vez de falar, ficavas calado, quanto mais não seja porque não se fala com a boca cheia;

- A história do bunker : Nada mais fácil. Material a levar : a prostituta, a estudante casta e, como é sempre preciso alguém para fazer o tacho, nada melhor que o padre ... assim como assim, os 75 anos pesam na força vergálica.

Justificação : a aberbatares-te do chocolate, provaste que não estás com teorias e aproveitas as oportunidades. No bunker, provaste que além de gerires racionalmente os recursos, obtens o máximo do rendimento, com o máxímo do prazer.

Anónimo disse...

Eu também tenho o bicho do teatro lá em casa. É caruncho, parece-me...

J. Salinas disse...

A primeira vez que ouvi alguém dizer que tinha o "bicho do teatro" - acho que foi a Eunice Muñoz -, fiquei a pensar que ela tinha cancro.

Anónimo disse...

Pah, na cena do bombardeamento é fácil, punhas de fora a estudante casta, esquilo fofinho e esssas coisas que não fazem mal a ninguém.
Depois, mandavas os sobreviventes que por sinal eram todos cromos de castigo para casa do gajo que mandou bombardiar a zona para que os ature a todos.
Pronto, a prostituta podia ficar no abrigo e levavas para casa, pode dar jeito. Se calhar não é mau ser-se xulo, pelo que vejo nos telediscos de Snoop Dog e seus colegas.

Carapaus com Chantilly disse...

Eu não tenho opinião mas já reparei que o contador conta cmg à mesma...interessante!
Bem já que o contador irá colocar +1 ao número existente mais vale dizer algo. Aqui vai então: nas entrevistas habitualmente faço como tu se bem que, no meu caso, eu bem tento fazer de Travolta em Be Cool mas sai-me sempre um Allen em Enimigo Público Nº1. É triste...
CP

J. Salinas disse...

A Eunice Muñoz o quê?